Ser policial é uma carreira para vocacionados

Thatiana Leão nasceu com uma cardiopatia. Com quase dois anos de idade, já tinha feito três cateterismos e teve que se submeter uma cirurgia cardíaca bem complexa. Só aos 11 anos pôde ter uma vida normal para uma criança, com brincadeiras de correr e aprendeu a andar de bicicleta.

Mas o destino tem que fazer muitos rodeios para chegar a qualquer parte, já dizia José Saramago. E anos mais tarde, uma amiga da irmã de Thatiana avisou sobre o primeiro concurso da Polícia Civil para agente e escrivão de polícia que exigiria nível superior. Mas era o último dia da prorrogação da inscrição.  A irmã não tinha o dinheiro e pegou emprestado no banco, a altos juros para fazer a inscrição das duas para o cargo de escrivão de polícia.

Muitas pessoas desacreditaram que Thatiana, que foi uma criança com complicações cardíacas graves, pudesse lograr êxito no processo. É que o edital exigia uma grande lista de exames de saúde. Mas, além de ser aprovada nas primeiras fases, a garota mostrou que já era uma adulta com uma saúde ótima e também passou nos exames médicos.
 
“Tenho orgulho de fazer parte de um Órgão Constitucional da Segurança Pública. Atendemos as pessoas desde a busca por informações até seus momentos de maiores angústias. É uma carreira para vocacionados e não para quem apenas e tão somente deseja uma remuneração no final do mês”, conta Thatiana, hoje com 35 anos, escrivã de primeira classe, professora da Escola Superior da Polícia Civil e palestrante do Programa Escola Sem Drogas da Polícia.

“Longe dos heróis de quadrinhos sofremos preconceito da sociedade enquanto mulheres policiais, desvalorização quanto à remuneração, estrutura, porém, ao lidarmos diretamente com a tragédia humana,  temos a oportunidade de tentar minorá-la, seja através do nosso trabalho (nosso dever) ou uma palavra de alento a um familiar que perdeu seu ente querido em um acidente de trânsito, por exemplo”. 

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