Via-crúcis e injustiça

Recentemente recebemos nossos novos colegas policiais civis, agentes e escrivães, que passaram meses em uma “via-crúcis” no último concurso, que só quem já trilhou esse caminho sabe o desassossego e as incertezas que é vivenciar esse processo, que se consolida, efetivamente, com a lotação nas DPs e o consequente início da atividade policial, o que para todos representa uma vitória, assim como representou para nós, que aqui já estamos há anos.

Infelizmente, a chegada dos colegas traz também um fato novo na confusa organização de nossa Instituição, que foi a criação de uma classe para “baixo”, impactando de forma extremamente perversa na vida dos novos policiais e seus familiares, pois a única razão da criação da tal classe, denominada eufemisticamente de agentes e escrivães “substitutos”, foi apenas um artifício linguístico para reduzir o piso salarial da Polícia Civil, coisa ilegal perante a lei.

O Sinpol-GO, legítimo representante dos policiais civis, foi a única representação classista que, desde o início, se posicionou de forma contundente contra essa medida nefasta do governo, que trouxe enorme desprestígio e desvalorização para os policiais civis.  

O Sinpol-GO há muito vem travando uma árdua batalha objetivando buscar a valorização  policiais civis, além de  apaziguar e intermediar insatisfações surgidas na categoria advindas das disparidades, especialmente salariais, entre  agentes/escrivães e delegados, em razão de uma classe, a dos delegados, com justiça ter sido muito valorizada, enquanto os demais foram injustamente desvalorizados, sendo relegados a um plano secundário.

Quando pensávamos que estávamos avançando para que tais disparidades de tratamento da administração pública em relação à categoria se encaminhavam para um entendimento, minimizando as insatisfações em razão dessas políticas equivocadas, eis que somos surpreendidos pela medida que criou os chamados “substitutos”, fazendo com que os novos policiais, que já estão desempenhando as mesmas funções que os demais, entrassem ganhando aproximadamente 40% do que deveriam ganhar.

A questionável política de redução do piso salarial da Polícia Civil, além de desvalorizar a categoria, agora também criou um fato novo, que é um claro sistema de “castas”: a dos delegados, dos agentes/escrivães e agora dos agentes e escrivães “substitutos”, fator que certamente será motivo de inquietação e até constrangimentos, já que estamos todos expostos aos mesmos riscos, ladeados nas mesmas missões, mas salarialmente tão distanciados.

Acostumados que somos às agruras da atividade policial, tenho certeza que essa injustiça será mais um motivo para que estejamos cada vez mais juntos, unidos, engajados, fortes e determinados na incessante luta por nossos direitos, já que nossos deveres estamos cumprindo a contento.

A todos os novos colegas policiais civis, que sejam bem-vindos!!! Tenham certeza que a luta por valorização, assim como a luta contra a criminalidade, será sempre uma luta de todos nós.
 
Gilberto Alves da Silva
Agente de Polícia – 1ª Classe

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