Dia 7 de abril – Dia do Médico legista: “O corpo fala”

Para muita gente, a profissão pode ser sombria e até desagradável. Mas para o dr. Marcellus Sousa Arantes, médico legista há 18 anos, a gratidão das famílias das vítimas somada à sensação de justiça que o trabalho proporciona tornou a ocupação envolvente. “As famílias se sentem cuidadas pelo poder público”, afirma o médico. O mesmo sentimento é compartilhado pela dra. Priscila Toledo, que ainda na faculdade se interessou pela disciplina MEDICINA LEGAL e, incentivada por um professor, decidiu prestar o concurso para auxiliar de autopsia. E passou. Depois de formada, teve a oportunidade de fazer o concurso para médico do IML e novamente foi aprovada.

Muito se engana quem pensa que o médico do IML faz exames apenas em cadáveres. Eles também são responsáveis por avaliar lesões em pessoas vivas, sejam elas causadas por agressão ou acidentes; fazem exames clínicos de embriaguez, avaliando sinais como desequilíbrio, fala arrastada e marcha ébria, por exemplo; exames que comprovam prática sexual delituosa (estupro); exames em pessoas que estão sendo presas para checar se elas tem ou não lesões em decorrência da prisão; além do exame cadavérico quando há suspeita de que a morte tenha sido produzida por causas como acidentes, homicídios e suicídios.

Exames feitos pelos legistas podem determinar como aconteceu uma agressão ou assassinato

O dr. Marcellus explica que na Medicina nem tudo tem a exatidão que encontramos na matemática, mas pela avaliação do corpo morto é possível saber o intervalo de tempo em que a morte ocorreu, coletar materiais para exames de DNA para comprovação de autoria e qual o objeto usado para agressão ou assassinato de alguém. Todos esses sinais somados às provas levantadas pelo perito no local formam um conjunto probatório que será usado pelas autoridades policiais e judiciárias para inocentar ou condenar alguém. “A redação de um bom laudo é capaz de mudar totalmente o curso de uma investigação”, revela o dr. Marcellus que, além de legista, atua como cardiologista. Para a dra. Priscila, o médico legista dá voz a um corpo morto ou agredido. “Nossa profissão é relevante porque conseguimos traduzir esses sinais, chegamos mais próximo possível da justiça e contamos a verdade daquela pessoa”, arremata a médica.

Para ambos, é desafiador manter-se totalmente isento durante um exame, mas é preciso deixar emoções e crenças de lado para chegar a uma conclusão a respeito de um crime. E essa é uma condição essencial. “Às vezes penso que a maldade humana não tem limites, mas independente do que sinto pessoalmente, preciso ser imparcial para chegar mais próximo da verdade dos fatos”, finaliza dra. Priscila Toledo. Dr. Marcellus compartilha desta premissa. “Quando estamos abrindo um cadáver, nos sentimos mal por achar que estamos violando o corpo, mas saber que vou ajudar a trazer justiça para aquela pessoa traz conforto e gratidão”, conclui ele.

HOMENAGEM – O Dia do Médico Legista surgiu no ano de 1886, com a aprovação da lei nº 18, que oficializa a perícia médico-legal no Brasil, sob assinatura do conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, então presidente da Província de São Paulo.

Para ser um médico legista é preciso dominar conceitos de medicina, direito, biologia, sociologia, química e balística. Além de apresentar capacidade de observação e concentração, visão abstrata, raciocínio lógico, capacidade de lidar com pessoas e agilidade. A área de atuação do médico legista vai desde o trabalho em Instituto Médico Legal (IML), professor universitário e assessoria a escritórios de advocacia.

Para ingressar no IML, o profissional, depois de formado, precisa prestar o concurso público. No IML, ele faz cursos específicos que ensinam noções de balística, criminais e a examinar cadáveres. Dentro do IML, além de emitir laudos explicando as causas das mortes, o médico pode atuar em vários departamentos. Na antropologia forense, por exemplo, se faz a exumação de cadáveres. Na clínica médica, exames de lesões corporais e pareceres em casos de erros médicos.

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