quinta-feira, abril 18, 2024

Artigo do presidente do Sinpol GO é publicado em O POPULAR

AC-4 é paliativo e perigoso ao policial

Renato Rick
Presidente do Sinpol-GO

Nesta segunda-feira (30) o governador Ronaldo Caiado anunciou reajuste de 20% sobre o pagamento da AC-4 para as forças de segurança pública. Na Polícia Civil, a AC-4 é utilizada para pagamento de horas extras decorrentes de plantões policiais no interior, nas centrais de flagrantes e como compensação por horas extras realizadas por policiais lotados em Delegacias Especializadas.

Se por um lado a AC-4 hoje se tornou uma complementação de renda importante, por outro lado ela está ajudando a criar um sistema praticamente escravagista para o policial. A atividade desempenhada por um policial civil gera grande tensão e estresse.

O período de folga, que deveria ser um momento de relaxamento, diversão e convivência com sua família, acaba não acontecendo por força das exigências do trabalho. Como tornou-se um complemento de salários, o sistema submete o servidor a longas jornadas contínuas, que aceita, para que possa complementar sua renda e, desta forma, cumprir com suas obrigações financeiras.

Nos últimos quatro anos, a defasagem salarial da categoria dos policiais civis ultrapassa 25%. Estas perdas obrigam policiais a procurarem plantões fora do seu horário de expediente. Resultado: policiais cada vez mais suscetíveis a depressão, física e psicologicamente cansados, com a saúde altamente prejudicada.

Existem casos de policiais diagnosticados com problemas psiquiátricos, que logo após iniciarem o tratamento, acabam pedindo para voltar ao trabalho, ainda que não tenham tido alta médica – a licença para tratamento de saúde os exclui de receber a famigerada AC-4.

Ou seja, o policial volta para o trabalho sem plenas condições, trabalha doente e, o pior, se submete a longas horas extras para melhorar seu rendimento mensal. Torna-se uma bomba de efeito retardado, que a médio prazo nos fará colher trevas entre nossos valorosos e dedicados policiais.

Esta política de praticamente obrigar o servidor que aumente cada vez mais sua jornada de trabalho vai na contramão da valorização do policial civil. Além disso, sofrem com a ausência de vagas para promoção na carreira, hoje insuficientes. Vários colegas chegam ao tempo de se aposentar, e embora sejam merecedores e tenham cumprido tudo o que é exigido, não alcançaram o topo da carreira.

Enxergamos a AC-4 como importante, mas deve ser utilizada de forma democrática, alcançando mais policiais, distribuída de forma mais justa e sendo aplicada como uma complementação de renda excepcional, por voluntariedade do servidor.

Os policiais civis desejam sobretudo ser reconhecidos pelo trabalho indispensável e importante que prestam à sociedade. E querem exercer plenamente sua missão, sem prejuízos à própria saúde, entregando o melhor do serviço público ao cidadão, cumprindo rigorosamente seu dever e levando o sustento digno para sua família.

Fonte: Jornal O Popular (02/06/2022)

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