Mulher. Como outra qualquer do planeta

Inspirada pela brisa leve da chegada do novo 8 de março, de mais um ano de lutas e conquistas, teço considerações a respeito da minha visão de mundo e felicidade, enquanto mulher.

Ainda menina, sonhava com grandes realizações. Qual não foi o meu espanto ao olhar para dentro, anos depois, e ver a força e o ímpeto que consegui angariar ao me tornar mulher de verdade. Porque mulher de verdade é isso mesmo que todas nós somos: fortes, impetuosas, maravilhosas, conquistadoras do mundo e de cada pedacinho dele que soubermos que é nosso.

Essa força que nos move e nos realiza me trouxe o alcance dos meus grandes sonhos da áurea fase da juventude. Não assim… de mão beijada! Mas exatamente por isso, cada um deles tem um gosto de conquista, um gosto de “é meu”, um sabor de vitória inenarrável. Sim, são inúmeros, graças a Deus! Cada um mais apaixonante e envolvente que outro, mas gostaria de compartilhar um deles, em especial, com vocês leitores.

Era o desejo de ser Feliz profissionalmente. Eu disse Feliz! Feliz com F maiúsculo mesmo, porque apenas o feliz não me bastava. Eu sempre quis mais. Na verdade, eu sempre quero mais. Mais do mundo, mas principalmente mais de mim mesma, porque, afinal de contas, superar-se constantemente é uma tarefa que nós mulheres entendemos e compreendemos muito bem!

Ser Feliz profissionalmente, na minha leitura de mundo, significava algo que exigisse minha capacidade de auxiliar o próximo e a sociedadena qual estou inserida, tão carente de humanidade, nos dias atuais.

Significava dar e receber, porque, afinal de contas, essa troca mágica entre os seres é o que nos impele ao crescimento almejado, enquanto humanos. Significava também travar um embate contra tudo que eu não acreditasse e me fizesse mal.

Significava não me curvar à vontade dos tolos, que professam glórias aos olhos dos cegos, mas que na alma carregam escombros e espinhos prontos a ferir-me. Significava não fugir a um embate sadio, benéfico e que me trouxesse evolução, mas em contrapartida, encouraçar-me para que estivesse protegida de qualquer sortilégio indigno de consideração.

E como toda mulher, ser dotado de fibras inquebrantáveis, reuni todos os significados, condensando-os no desejo da conquista da vaga de auxiliar de autópsia do concurso da Polícia Técnico-Científica de 2010. É claro que consegui a aprovação. Porque mulher quando quer de verdade, simplesmente consegue. Porque mulher quando define a meta, mira e não erra. Porque mulher quando diz que vai conseguir, não mente… não tem nada que a impeça!

Ao longo dos quase 7 anos de profissão, aprendi que meu diploma me serviu muito, mas que nada se compara ao aprendizado conquistado, quando simplesmente enxergamos o próximo como ele realmente é. Aprendi que cada mãe à qual entreguei o filho morto, vítima das circunstâncias, tinha muito mais a me ensinar do que alguns doutores e mestres, que passaram pela minha vida acadêmica.

Aprendi que cada bebê que eu tenha participado do exame cadavérico, poderia ser o meu, caso fosse da vontade Divina, mas ao invés de apunhalar-me com meus próprios devaneios, usei a força que um momento desse traz a uma mulher, para encher-me de coragem e disposição, aproveitando cada minuto possível com aqueles que me são caros ao coração.

De posse dessa capacidade, pude oferecer minha palavra amiga às mães, irmãs, filhas ou esposas, nesse momento tão dolorido de algumas vidas. Aprendi que nós somos lindas e é extremamente saudável e salutar que assim nos sintamos, mas que o mais importante é o que a gente leva da vida, porque o resto passa.

Ah… e como passa! Acreditem! Aprendi também a pensar antes de expor os meus ditos “problemas”, porque a cada dia trabalhando no IML, consegui angariar mais e mais recursos para a difícil compreensão de que meus problemas são indefinidamente pequenos perante os problemas dos outros.

Aprendi a diminuir-me, quando fosse necessário exaltar a verdade, a felicidade, a incorruptibilidade, o conhecimento e a virtude. Aprendi que toda mulher é assim… uma mistura de amor sem fim. Porque a gente já nasce sabendo dar mais do que receber.

A gente já nasce sabendo a hora de calar para aprender. A gente já nasce com gratidão no coração! E cresce assim… amando cheiro de jasmim, mostrando para a mãe o boletim, amarrando no cabelo laços de cetim e escapando de toda prosa que acharmos ruim.

Até que a gente vira mulher e se encanta com o que é isso de verdade. Mulheres aprendem com afinco a exercer aescolhida atividade. Não qualquer uma! Mas sim aquela pela qual temos afinidade.Acima de tudo, aprendemos a reconhecer para quais coisas realmente temos habilidade e nos dedicamos a elas com toda a nossa vontade.

E como toda boa mulher, tenho que ser sincera comigo mesma! Olhar para aquele sonho de menina supracitado e confessar que eu realmente consegui! Eu sou Feliz. Não pelas circunstâncias externas, porque mulheres sabem que não as falta filhos do mundo a amparar, nem esperanças roubadas a renunciar, mas pela graça que carregamos no nosso peito como dom de amar.

Parabéns a cada mulher que sonha, a cada colega de profissão, de jornada, de ideal. Desejo que prossigam firmes no propósito de ser cada dia mais fortes e realizadas. Porque é isso que nos move e encanta! Feliz dia das mulheres!

Marcella Maris Jechow de Paula
Auxiliar de autópsia, fisioterapeuta, mulher, como outra qualquer do planeta

COMPARTILHE EM SUA REDE SOCIAL:
Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
error: Recurso Desativado!