sexta-feira, outubro 4, 2024

Dois de cada trás policiais perderam colegas assassinados fora do serviço

Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (30/7) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública revela que 68,4% dos policiais brasileiros dizem que tiveram colegas assassinados fora do expediente. Para o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Goiás (Sinpol-GO), Paulo Sérgio de Araújo, esse número é preocupante, principalmente se se levar em conta que é maior do que o número de profissionais que perderam colegas em serviço (60,6%).

Por infeliz coincidência, o resultado foi divulgado no dia em que os policiais civis de Goiás enterraram o colega João Paulo Arantes, de 31 anos, morto a facadas por uma jovem de 18 anos na cidade de Bom Jesus de Goiás. O crime aconteceu na quarta-feira e o corpo do policial civil foi sepultado hoje em clima de grande comoção no Complexo Vale do Cerrado. Antes, os policiais realizaram um sirenaço, que percorreu ruas e avenidas de Goiânia para chamar a atenção para a situação.

“A pesquisa mostra, de forma científica, o que sentimos no dia a dia: que o policial que é treinado para dar segurança ao cidadão é vítima do Estado, que não aplica em segurança pública. Mais que isso, tira dinheiro da segurança pública e tenta tirar direitos dos policiais civis”, denuncia Paulo Sérgio. “Desestimulados por baixos salários, sobrecarga de trabalho e outros problemas, ficam ainda mais expostos, à medida que moram em locais onde estão as manchas de violência nas cidades e vão ao encontro dessas situações todos os dias para tentar gerar sentimento de justiça e acabar com a impunidade”, acrescenta o presidente do Sinpol.

A Pesquisa de vitimização e percepção de risco entre profissionais do sistema de segurança pública foi realizada em parceria entre o Fórum, a Fundação Getulio Vargas (FGV) e o Ministério da Justiça. Segundo análise de Paulo Sérgio, a realidade goiana segue as proporções do cenário nacional.

“Assim como revela a pesquisa, o policial goiano está exposto dentro e fora do serviço, mas muito mais no momento de descanso, porque não tem o devido suporte do Estado e da sociedade e, ainda, sua parca remuneração não lhe permitem garantir sua própria segurança”, diz o presidente do Sinpol-GO.

O mais recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública revela que, em 2013, 75% das mortes de policiais registradas ocorreram fora de serviço.

O sindicato celebra neste mês de julho seu aniversário de 17 anos, momento em que promove uma reflexão sobre a importância de valorizar o policial civil. “Apenas 8% dos homicídios são solucionados no Brasil, porque a sociedade e o poder público só enxerga como política de segurança viaturas e homens fardados nas ruas. A polícia que investiga é relegada a segundo plano, inclusive em Goiás. O resultado disso? O crime compensa no País. Se nem mesmo profissionais treinados têm conseguido garantir sua própria segurança, o que dizer do cidadão comum?”, afirma Paulo Sérgio de Araújo.

A pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Teve colega vítima de homicídio fora do serviço: 68,4%
Teve colega vítima de homicídio em serviço: 60,6%

75% das mortes de policiais registradas em 2013 ocorreram fora de serviço (VII Anuário Brasileiro de Segurança Pública)

Foi vítima de assédio moral ou humilhação: 62,8%
Já sofreu acusação injusta de prática de ato ilícito: 36,7%
Diagnosticado com algum distúrbio psicológico: 15,6%
Já passou por dificuldade de garantir o sustento da própria família: 50,4%
Foi discriminado por ser policial: 64,2%
Temor alto ou muito alto de ser assassinado fora de serviço: 68,4%
Temor alto ou muito alto de ser assassinado em serviço: 67,7%

Os itens mais citados como fatores de insegurança na atuação profissional:
Impunidade: 64,5%
Falta de apoio da sociedade: 59,7%
Falta de apoio do comando: 55,1%
Falta de equipamentos pessoais de proteção: 54,5%

Perfil do policial brasileiro:
Homem: 85,1%
Mulher: 14,9%

Faixa etária
18 a 24 anos: 1,6%
25 a 40 anos: 54,8%
41 a 54 anos: 40,1%
55 a 64 anos: 3,3%
65 anos ou mais: 0,2%

Corporação
Polícia Militar: 44,5%
Polícia Civil: 21,2%
Polícia Rodoviária Federal: 5,8%
Polícia Federal: 5,4%
Corpo de Bombeiros: 6,5%
Guarda Municipal: 16,6%

SINPOL-GO LIVRE E TRANSPARENTE!

Fala, Zé!

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