terça-feira, abril 16, 2024

Polícia Civil de Goiás, avanços e retrocesso

De 18 a 21 de outubro deste ano estive na Escola Superior de Polícia Civil (ESPC) fazendo um treinamento de adentramento de alto risco, curso ministrado pelos competentes, técnicos e aplicados instrutores Kleber e Leandro, sob a coordenação do instrutor Ricardo.

Único “veterano” de uma turma de dez (oito homens e duas guerreiras), todos no probatório, alguns ainda fascinados com esse “admirável  mundo novo” que é o universo policial,  por vezes se comportam como se estivessem em um parque de diversão – situações relevadas e conduzidas com grande paciência pelos instrutores –, não tive como deixar de fazer uma reflexão acerca desses 17 anos  na PC.

A Academia de Polícia, hoje com o pomposo nome de Escola Superior de Polícia Civil, foi, sem dúvida, um grande avanço, especialmente se compararmos com as toscas e improvisadas Academias anteriores. Com boas instalações, inclusive ótimos ambientes adequados aos treinamentos que simulam situações reais, a ESPC é realmente um grande avanço em termos de estrutura.

 Entretanto, ainda apresenta situações toscas, como apartamentos desprovidos de ar-condicionado, isso em uma cidade onde o calor nos permite facilmente fritar um ovo no asfalto, como é o caso de Goiânia, situação que compromete o descanso dos policiais fadigados pelo treinamento, especialmente dos cursos que pela própria natureza exigem grande esforço físico.

Outro fator bastante desencorajador para o uso desse espaço é a falta de suporte financeiro, como diárias ou fornecimento de alimentação aos abnegados policiais que querem se aprimorar nos cursos ministrados pela ESPC,  especialmente aqueles de regiões distantes como o Entorno do DF e cidades do interior do Estado, que são obrigados a gastar razoáveis somas, dinheiro que, em geral, não têm, sendo obrigados a recorrer ao cartão de crédito e até mesmo a empréstimos consignados.

A ótima estrutura física da ESPC, instrutores cada vez mais qualificados, técnicos e esforçados, são elementos que favorecem a padronização de procedimentos técnicos operacionais e até mesmo a padronização estética, que seria o uso de camiseta preta padrão, calça tática e botas ou coturnos pretos, uma das inquietações do coordenador Ricardo, que fez da ESPC um projeto de vida, foram sem dúvidas evoluções de nossa Polícia Civil, que qualifica tecnicamente os policiais.

Apesar da evolução das instalações físicas e da parte técnica; da dedicação dos abnegados instrutores e policiais que se dispõem a gastar do próprio bolso somas que às vezes não dispõem, tudo pelo apego e amor à profissão de POLICIAL CIVIL, tivemos recentemente um enorme retrocesso, desrespeito e desprestígio por parte dos políticos empoleirados no poder, que foi a redução do piso salarial da categoria para aviltantes R$ 1.500.

Para conseguirem tal proeza, os políticos fizeram, a seu bel prazer, uma lei criando uma classe para baixo, quando deveriam valorizar-nos, criando uma classe para cima.

O resultado é a completa desmotivação da categoria, seja dos veteranos instrutores, do veterano que ali está como aluno e até mesmo dos jovens colegas, que ainda estão no probatório, descobrindo e fascinados com esse “admirável mundo novo”, mas que já começam a perceber que agora fazem parte de uma categoria cada vez mais desrespeitada, desmotivada e desvalorizada.

Gilberto Alves da Silva
Agente de Polícia de 1ª Classe

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